A dor é o desconforto da alma. A
não aceitação daquilo que é. A resistência e a rejeição; a auto piedade, a
fraqueza, a culpa. A sensação de menos valia: não sou bom o suficiente, não
consigo fazer acontecer. Fiz escolhas erradas, não tenho saída. A dor é o
desconforto de não se ter um Norte. De não sabermos tudo e achar que deveríamos
saber. É o querer desvendar de antemão o futuro. É o entender-se incapaz diante
do novo, adverso. Adverso aos nossos melhores sonhos.
Mas,
então, como aliviar a dor? Compreendendo, não resistindo. E o que é compreender,
não resistir? Compreender é saber, no fundo do coração, que o que nós chamamos
de dor é uma oportunidade de aprendizado. Compreender é repensar o caminho. O
que a vida insiste em nos dizer quando o fracasso se instala - quando nos
sentimos impotentes, paralisados pelo medo de não darmos conta dos
desafios.
Resistir,
por sua vez, é não querer sentir esse desconforto e criar a ilusão de que tudo
depende de nós. É querer evitar o que é para ser. Manipular
o mundo lá fora, os outros. Quando você resiste, você acumula uma energia
tóxica dentro de você, que vai passar a vida inteira tentando sair. E você vai
dizer: “aquilo que eu mais temia me aconteceu”. Uma energia manifestada em eventos
difíceis e constantes. E essa energia vai ficar ali, até você aceitar,
compreender e deixar ir. Até você se tornar humilde.
Mas,
o que é ser humilde? Pergunte-se: quem sou eu? De onde eu vim? Para onde eu
vou? Se você não tem respostas, respeite suas limitações. Renda-se ao que é.
Compreenda que você não é só. Você não está aqui por sua conta e risco. Você
está vivendo uma experiência onde você se pensa separado da fonte. Mas, você
não vai a lugar algum sozinho. A vida espera que um dia, em vida ainda, a gente acorde desse sonho, dessa experiência.
E se você não tem respostas para as
perguntas acima – então, você já sabe que aquilo que você chama de "os outros, o mundo exterior, os inimigos, problemas etc.", só depende de seu crescimento interior para se modificar e
ficar mais parecido com seus sonhos. Só depende da capacidade de você se
perceber um ser divino e relaxar. Compreender que todas essas coisas são, na verdade, uma coisa só e fazem parte da mesma criação. Se você não consegue modificar a paisagem, mude seu ponto de vista e tudo vai parecer diferente.
A
dor, seja ela física, mental ou espiritual, é o acreditar que o tempo existe
além daqui. Que caminhamos para algum lugar. É o desejo de obter algo de fora;
coisas materiais, amor, compreensão, coisas que só você mesmo pode se dar; pois,
afinal, somos o todo, a consciência.
No entanto, só
descobriremos isso, verdadeiramente, quando tivermos a coragem de nos envolvermos em uma nova e mais
consciente busca e invertermos o caminho. Tudo vai ficar melhor lá fora, no
momento em que voltarmos nosso olhar para dentro. No momento em que compreendermos melhor o que o Cristo já dizia:
“O caminho do pai é o caminho de volta. Eu e o Pai somos um só. Vós sois meus irmãos. Vós
sois pequenos Deuses."
"Ame a si mesmo”