segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

RAP DO NADA

 

Eai, Cara - 

Massa teu poema!

Daquele esquema

Que tu chama “Vazio”.

Eu calado,

Sem dá um pio,

Viajei legal;

Por alguns segundos

Fui fundo,

Nenhum mal no mundo.

Se alguém falava,

Eu não ouvia.

Se alguém chorava,

Eu não sentia.

Não gosto da palavra amor,

Que neguinho usa

Pra ficar no pódio,

Tô ligado que há muita dor,

Frustração e ódio.

Mas, sentia um calor

que me acalmava.

Tinha o babado da Alma

Que tu falava

E uma sensação de tudo

e nada ao mesmo tempo;

De viver sem pensamento.

E eu ali calado,

Sem motivo.

Nada era ruim, nem bom,

Negativo ou positivo.

Não tinha cordeiro ou fera,

Só era, sem definição,

Nem mão direita

Ou contramão.

Meu, na humildade,

Não era felicidade, tristeza,

Suavidade ou aspereza.

Não era sim nem não.

Era e não era,

Sem início ou conclusão.

Não julgava, condenava

ou aplaudia.

Tinha tudo, não queria,

Não chegava ou se evadia.

Um silêncio, um só momento,

Um estar eterno,

Nem céu, nem inferno.

Mano, tô ligado que aquilo

Era o “NADA” que tu sempre fala

A parada loca

Que  nunca esqueço.

Era o fim e o começo,

Não havia “Eus”, Meus,

Tu nem Teus.

Era  o “Vazio”,

Era Deus.

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

POESIA É VIDA


Você não precisa ser poeta

Para entender os meus poemas.

Você só precisa ser

Silêncio, vazio.

Não ter desejos ou apegos;

Querer nada,

Estar apenas consciente.

Você só precisa não analisar,

Julgar, inferir mistérios.

Para entender meus poemas,

Você só precisa estar

Como eles estão: em lugar algum,

Tempo algum,

Ser coisa nenhuma.

Para entender os meus poemas

Você não precisa,

com pensamentos lógicos,

Os redefinir ou, mentalmente,

Emprestar-lhes nova tradução.

Para entender os meus poemas

Você não precisa nem os ler.

Basta existir, encantado 

Com a beleza deste momento

Chamado Vida.

 

 

 

 

terça-feira, 22 de outubro de 2024

A DOR

 


               A dor é o desconforto da alma. A não aceitação daquilo que é. A resistência e a rejeição; a auto piedade, a fraqueza, a culpa. A sensação de menos valia: não sou bom o suficiente, não consigo fazer acontecer. Fiz escolhas erradas, não tenho saída. A dor é o desconforto de não se ter um Norte. De não sabermos tudo e achar que deveríamos saber. É o querer desvendar de antemão o futuro. É o entender-se incapaz diante do novo, adverso. Adverso aos nossos melhores sonhos.

         Mas, então, como aliviar a dor? Compreendendo, não resistindo. E o que é compreender, não resistir? Compreender é saber, no fundo do coração, que o que nós chamamos de dor é uma oportunidade de aprendizado. Compreender é repensar o caminho. O que a vida insiste em nos dizer quando o fracasso se instala - quando nos sentimos impotentes, paralisados pelo medo de não darmos conta dos desafios.  

             Resistir, por sua vez, é não querer sentir esse desconforto e criar a ilusão de que tudo depende de nós. É querer evitar o que é para ser.  Manipular o mundo lá fora, os outros. Quando você resiste, você acumula uma energia tóxica dentro de você, que vai passar a vida inteira tentando sair. E você vai dizer: “aquilo que eu mais temia me aconteceu”. Uma energia manifestada em eventos difíceis e constantes. E essa energia vai ficar ali, até você aceitar, compreender e deixar ir.  Até você se tornar humilde.

             Mas, o que é ser humilde? Pergunte-se: quem sou eu? De onde eu vim? Para onde eu vou? Se você não tem respostas, respeite suas limitações. Renda-se ao que é. Compreenda que você não é só. Você não está aqui por sua conta e risco. Você está vivendo uma experiência onde você se pensa separado da fonte. Mas, você não vai a lugar algum sozinho. A vida espera que um dia, em vida ainda, a gente acorde desse sonho, dessa experiência.

             E se você não tem respostas para as perguntas acima – então, você já sabe que aquilo que você chama de  "os outros, o mundo exterior, os inimigos, problemas etc.", só depende de seu crescimento interior para se modificar e ficar mais parecido com seus sonhos. Só depende da capacidade de você se perceber um ser divino e relaxar.  Compreender que todas essas coisas são, na verdade, uma coisa só e fazem parte da mesma criação. Se você não consegue modificar a paisagem, mude seu ponto de vista e tudo vai parecer diferente.

            A dor, seja ela física, mental ou espiritual, é o acreditar que o tempo existe além daqui. Que caminhamos para algum lugar. É o desejo de obter algo de fora; coisas materiais, amor, compreensão, coisas que só você mesmo pode se dar; pois, afinal, somos o todo, a consciência.

             No entanto, só descobriremos isso, verdadeiramente, quando tivermos a coragem de nos envolvermos em uma nova e mais consciente busca e invertermos o caminho. Tudo vai ficar melhor lá fora, no momento em que voltarmos nosso olhar para dentro.  No momento em que compreendermos melhor o que o Cristo já dizia: “O caminho do pai é o caminho de volta. Eu e o Pai somos um só. Vós sois meus irmãos. Vós sois pequenos Deuses." 

"Ame a si mesmo