sexta-feira, 27 de novembro de 2020

APRENDENDO A SE AMAR



                “Eu sou uma pessoa que ajuda todo mundo. Sou prestativo, amigo. Não sou só um amigo das horas boas. Sou um amigo para todos os momentos. Gosto mais de dar do que receber. Fico feliz quando os outros estão felizes. Mas, mesmo assim, tenho a sensação que há alguma coisa errada comigo.” Você já ouviu isso algum dia, em algum lugar. Ou, talvez, você mesmo já tenha dito isso para alguém; não é verdade?
           Talvez você seja uma dessas pessoas altruístas e piedosas, sempre dispostas a estender a mão a quem precisa. Talvez você seja daqueles jovens que se entregam a um amor perdidamente, só para, em seguida, sofrer amargamente por ter sido abandonado sem razão aparente. Talvez, você seja daquelas pessoas que dizem: “eu tento fazer tudo certo. Sou honesto, decente, cuidadoso, me importo com os outros; mas,  quando eu preciso, todos os amigos desaparecem. 
             Quantas vezes você já disse a alguém, a uma amiga, por exemplo; “não fica assim...! Vai passar. Em pouco tempo tu nem mais vais lembrar disso. Tu és uma pessoa incrível. Tu não estás só. Tu tens a mim e eu te amo muito, tu sabes! Eu não vou te abandonar. Calma! Dorme aqui hoje. Não vá para casa, eu vou cuidar de ti!?” Muitas, quem sabe!
            Por isso, neste momento, se você está dizendo: “eu sou uma pessoa mais ou menos assim...”, eu quero te fazer uma pergunta: quantas vezes você disse tudo isso, que costuma dizer aos outros, a você mesma? Quantas vezes você demonstrou esse amor, compreensão e ternura, consigo mesma...? Você lembra a última vez que você se olhou no espelho e disse: fica tranquila, amor. Tu és uma pessoa incrível, eu vou cuidar de ti, tu não estás só! Posso até ouvir a resposta.
         Você, talvez, não tenha percebido com clareza o que você está fazendo. Mas, você está dando aos outros aquilo que você mais quer receber. Contudo, quanto mais você dá, menos parece obter de volta.
         Veja se você se vê aqui...! Quando as crianças sofrem bullying. Quando os adolescentes não conseguem segurar a pressão com relação ao que eles devem ou não devem fazer, dizer ou não dizer. Quando ouvem que seu valor pessoal está diretamente associado a suas atitudes com relação às convenções sociais; a sua forma de aceitar e conviver com regras castradoras - eles se esquecem de quem realmente são e passam a aceitar como verdadeiras as palavras e comentários que lhe fazem mal. Se não se encaixam nos padrões convencionais, não são dignos de ser felizes e amados. Sobra-lhes o terror da baixo-autoestima.
         Se você se sente assim, de certa forma, procure identificar a origem de seus pensamentos autodestrutivos. De onde vem essa voz acusadora? De pais severos e demasiadamente críticos? De bullying sofrido na escola? De um ex-namorado, ou namorada, que fez com que você odiasse seu corpo? Às vezes, aquelas pessoas que deveriam nos amar e nos ajudar a crescer e ser seguras, são as que mais nos ferem a alma.
            Reflita sobre seus pensamentos destrutivos. Use sua inteligência a seu favor. Será que tudo que você ouviu é verdade? Você pode estar um pouquinho acima do peso, mas você não é um gordo, ou gorda nojenta.  Você pode ter ido mal na prova e ter de repetir o semestre, mas você não é um burro, incapaz, relapso, ou coisa parecida. Você pode não saber que rumo você vai dar a sua vida, agora que você conclui seus estudos - mas você não é um incompetente.
         Eu posso ficar aqui dizendo uma infinidade de coisas que fazem de você um ser especial, uma criatura digna.  Mas, talvez nada disso adiante, enquanto você não ouvir de si mesmo tudo que quer ouvir dos outros. Enquanto você não for, para você mesmo, a melhor das companhias.
         Diga a você todo dia, toda a hora, a cada minuto se for necessário; que você é realmente essa pessoa maravilhosa que você quer que os outros reconheçam. Sinta essa verdade profundamente. Elogie-se. Perdoe-se. Afinal, não é isso que você faz com seus amigos, pais, colegas?
              Quando você sentir essa verdade enraizada em seu ser, você não vai mais pedir aos outros que reconheçam o quão especial você é,  ou quase implorar para que lhe amem por isso. Pois, nesse exato momento, será o que todos irão fazer: Vê-lo com a nova imagem que você vai refletir.
            Seja bondoso, gentil, delicado com você mesmo. Não repita em sua mente o que você ouve ou ouviu. Somente quando você ouvir as palavras certas, ditas com veracidade por você mesmo, a você mesmo, você vai poder acreditar e ser feliz.
           
         


sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Quebre o Ciclo da Ansiedade

              O medo é definido como uma emoção desagradável, causada pela crença que alguém ou alguma coisa é perigosa e pode causar dor ou ameaça. De que pessoas e situações você tem medo? Você sofre de algum tipo de stress pós-traumático que é desencadeado por um estímulo relacionado a algum lugar ou ambiente onde você experimentou algo horrível? Por que cada detalhe de uma experiência relacionada ao medo fica profundamente marcado na memória de longo prazo? 
                   Pesquisadores descobriram que o hormônio do estresse, “cortisol” e o hormônio do amor “oxitocina”, na verdade, trabalham juntos para criar uma memória de medo profundamente enraizada durante e depois de períodos de dor e aflição. Provavelmente, essa reação neurobiológica seja parte do mecanismo de sobrevivência para ajudar alguém a não se envolver novamente em situações de perigo. O medo é um mecanismo de proteção destinado a nos proteger do perigo e é indispensável à sobrevivência. Infelizmente, tanto a ameaça real ou imaginária pode desencadear a reação de medo que acaba por perpetuar o ciclo da ansiedade. 
                Os distúrbios de ansiedade que levam a ataques de pânico podem fugir do controle quando o “medo de sentir medo” confunde a realidade da situação. Em vez de ter medo de uma ameaça real, a reação de medo se apossa do cérebro e cria a sensação neurobiológica do medo; mesmo quando, na verdade, não há  ameaça alguma. 
             A ansiedade também tende a aparecer como herança familiar. Filhos de pais ansiosos têm um risco mais alto de desenvolverem distúrbios de ansiedade. Eles têm 50% mais chances de se tornarem adultos ansiosos, segundo pesquisa recente da Universidade de Johns Hopkins nos Estados Unidos. Em uma declaração à imprensa, a Drª. Ginsburg disse que: as descobertas realçam a vulnerabilidade das crianças a pais ansiosos. È preciso, segundo ela, identificar crianças em risco e tentar ajudar. A ansiedade existe para proteger e na adaptação ao meio; mas, isso pode não acontecer com crianças ansiosas, porque estas crianças têm pensamentos sobre perigo e ameaças quando  e onde elas não existem. 
                Para lidar melhor com a ansiedade, as crianças tendem a evitar aquilo que provoca essa sensação. Por exemplo, se elas têm medo do escuro, elas vão querer dormir de luz acesa. Se tiverem medo do fracasso, poderão passar a ter medo de tentar coisas novas. De acordo com o Dr. Eric Erickson, se as crianças forem encorajadas a desenvolver habilidades e enfrentar seus problemas, isso vai levá-las a ter uma sensação de competência. 
             Se, ao contrário, as crianças não forem encaminhadas para ter esta percepção, ou não tiverem autonomia para enfrentar seus problemas e superá-los, como acontece quando os pais são demasiadamente protetores, isto poderá levá-las a desenvolver complexo de inferioridade, falta de autoconfiança e ansiedade. 
        A Dra. Ginsburg argumenta que a hereditariedade e as experiências de vida desempenham um papel importante no ciclo da ansiedade. Quanto mais experiências negativas a criança tiver durante seu crescimento, maior a probabilidade de que ela venha a ter problemas de ansiedade quando adulta. Quando um adulto ou uma criança imagina algo assustador, frequentemente, sua mente não consegue perceber se este “perigo” é real ou imaginário. 
             Então, em vez de se focar na situação assustadora no mundo real, as pessoas se focam no medo imaginário em sua mente. E mesmo após a situação de perigo real ter sido evitada ou resolvida, a mente pode repetir os pensamentos assustadores indefinidamente. Por isso, uma das maneiras mais fáceis de reduzir a ansiedade e quebrar este ciclo é utilizar a chamada  “verificação de realidade” . Aprender a reconhecer quando um medo é saudável, verdadeiro e com base na realidade, ou irreal e imaginário, é uma forma eficaz de lidar com a ansiedade que as pessoas de qualquer idade podem utilizar. 
             Ao se perguntar, simplesmente: “ isto é real ou imaginário?,” você pode quebrar o ciclo da ansiedade. Em geral, da mesma forma, os adultos tendem a criar situações assustadoras sobre as quais eles não terão nenhum controle mais tarde, mesmo que o “problema” enfrentado não seja tão assustador. È comum vermos pessoas que criam as chamadas “tragédias” em cima de qualquer fato corriqueiro. De certa forma, essas pessoas não agem assim por livre e espontânea vontade, mas esta reação, como já frisamos, é uma reação neurobiológica do cérebro, e a pessoa irá repeti-la indefinidamente diante de qualquer situação aflitiva que vivenciar. 
              Compreender este fato é de suma importância para o alivio e controle da ansiedade.  Uma forma de perceber, também, se estamos “exagerando” é investigar o entorno: Será que todas as pessoas a minha volta; em casa, no trabalho, nas relações sócias, veem esse “fato ou problema” da mesma forma que eu? Será que todos têm ou tiveram a mesma reação diante dele? 
          Há, sem dúvidas, questões particulares, de foro íntimo. Nesses casos, buscar um profissional na área é o mais adequado. De qualquer forma, as instruções acima citadas valem também nesses casos e produzem alívio e segurança quando repetidas frequentemente. Às vezes, o fantasma que nos assusta é só uma criança brincando com um lençol sobre a cabeça.

Baseado no texto de Christofer Bergland. In Psychology Today