sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

SOU

QUANDO RIO

SOU MAR,

QUANDO CHORO

SOU RIO.

QUANDO ANDO

SOU ESTRADA,

QUANDO PARO,

VAZIO.

QUANDO CANTO

SOU SILÊNCIO,

QUANDO CALO

SOU CANÇÃO.

QUANDO ESPERO

SOU CERTEZA

QUANDO ENCONTRO,

GRATIDÃO

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

CULPA ALGUMA

 

Que culpa eu tenho desses olhos verdes,

Ou desse olhar noturno de rua?

Que culpa eu tenho

Desse sorriso branco,

Ou dessa boca nua?

Que culpa eu tenho dessa pele negra,

Ou dessa negra sensação à flor da pele?

Que culpa eu tenho dessa alegria

Que livre em mim emana,

Ou dessa prisioneira liberdade

Que me inflama?

Que culpa eu tenho desses passos lentos,

E da velocidade insana de meus pensamentos?

Que culpa eu tenho pela chuva

Que de meus olhos vasa,

Das bombas todas sobre minha casa,

Do perfume que de tudo exala,

Do rio inundando minha sala?

Que culpa eu tenho de não ter culpa alguma,

Se com pouco me contento,

De ser inconstante como o vento,

Ou sereno como a lua?

Que culpa é essa que em mim não cabe,

Se você me ama e confusa inda não sabe,

Se não tenho passado nem futuro,

Vivo agora,

 Se você vai ficar ou ir embora,

Se vai me amar como eu mais quero.

Que culpa eu tenho... que culpa eu tenho?

Nenhuma... eu espero!

 

 

 

 

 

PRAIA

                                                          

              Era domingo. O sol começava a despertar. Um vento morno ouriçava os passarinhos que pareciam cantar juntos a mesma canção. No chá, um gosto de mato. No ar, um cheiro de areia. Eu e o céu amanhecíamos. Faltava pouco pro mar e o sol temperarem minha pele. Toques de laranja e azul pintavam no horizonte a esperança; um momento novo de mesma vida. As pessoas começavam, na rua, lá em baixo, a exercitar a euforia de renascer, a passos rápidos e ritmados. O silêncio generoso já sedia espaço a risos e falas mornas. O mar murmurava e se espreguiçava na areia cauteloso. O tilintar do metal de cadeiras e guarda-sóis se abrindo previam já o ardor de um dia perfeito de praia e mapeavam aleatoriamente na areia o melhor ponto de vista do infinito.  Eu apenas era um com tudo aquilo e, sem hora marcada, me dava um tempo de mim mesmo. Eu apenas existia, sem limites e pronto.