quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

PRAIA

                                                          

              Era domingo. O sol começava a despertar. Um vento morno ouriçava os passarinhos que pareciam cantar juntos a mesma canção. No chá, um gosto de mato. No ar, um cheiro de areia. Eu e o céu amanhecíamos. Faltava pouco pro mar e o sol temperarem minha pele. Toques de laranja e azul pintavam no horizonte a esperança; um momento novo de mesma vida. As pessoas começavam, na rua, lá em baixo, a exercitar a euforia de renascer, a passos rápidos e ritmados. O silêncio generoso já sedia espaço a risos e falas mornas. O mar murmurava e se espreguiçava na areia cauteloso. O tilintar do metal de cadeiras e guarda-sóis se abrindo previam já o ardor de um dia perfeito de praia e mapeavam aleatoriamente na areia o melhor ponto de vista do infinito.  Eu apenas era um com tudo aquilo e, sem hora marcada, me dava um tempo de mim mesmo. Eu apenas existia, sem limites e pronto.

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