Era domingo. O sol começava
a despertar. Um vento morno ouriçava os passarinhos que pareciam cantar juntos
a mesma canção. No chá, um gosto de mato. No ar, um cheiro de areia. Eu e o céu
amanhecíamos. Faltava pouco pro mar e o sol temperarem minha pele. Toques de
laranja e azul pintavam no horizonte a esperança; um momento novo de mesma
vida. As pessoas começavam, na rua, lá em baixo, a exercitar a euforia de
renascer, a passos rápidos e ritmados. O silêncio generoso já sedia espaço a
risos e falas mornas. O mar murmurava e se espreguiçava na areia cauteloso. O
tilintar do metal de cadeiras e guarda-sóis se abrindo previam já o ardor de um
dia perfeito de praia e mapeavam aleatoriamente na areia o melhor ponto de
vista do infinito. Eu apenas era um com
tudo aquilo e, sem hora marcada, me dava um tempo de mim mesmo. Eu apenas
existia, sem limites e pronto.
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