QUANDO RIO
SOU MAR,
QUANDO CHORO
SOU RIO.
QUANDO ANDO
SOU ESTRADA,
QUANDO PARO,
VAZIO.
QUANDO CANTO
SOU SILÊNCIO,
QUANDO CALO
SOU CANÇÃO.
QUANDO ESPERO
SOU CERTEZA
QUANDO ENCONTRO,
GRATIDÃO
QUANDO RIO
SOU MAR,
QUANDO CHORO
SOU RIO.
QUANDO ANDO
SOU ESTRADA,
QUANDO PARO,
VAZIO.
QUANDO CANTO
SOU SILÊNCIO,
QUANDO CALO
SOU CANÇÃO.
QUANDO ESPERO
SOU CERTEZA
QUANDO ENCONTRO,
GRATIDÃO
Que culpa eu tenho desses olhos verdes,
Ou
desse olhar noturno de rua?
Que
culpa eu tenho
Desse
sorriso branco,
Ou
dessa boca nua?
Que
culpa eu tenho dessa pele negra,
Ou
dessa negra sensação à flor da pele?
Que
culpa eu tenho dessa alegria
Que
livre em mim emana,
Ou
dessa prisioneira liberdade
Que
me inflama?
Que
culpa eu tenho desses passos lentos,
E
da velocidade insana de meus pensamentos?
Que
culpa eu tenho pela chuva
Que
de meus olhos vasa,
Das
bombas todas sobre minha casa,
Do
perfume que de tudo exala,
Do
rio inundando minha sala?
Que
culpa eu tenho de não ter culpa alguma,
Se
com pouco me contento,
De
ser inconstante como o vento,
Ou
sereno como a lua?
Que
culpa é essa que em mim não cabe,
Se
você me ama e confusa inda não sabe,
Se
não tenho passado nem futuro,
Vivo
agora,
Se
vai me amar como eu mais quero.
Que
culpa eu tenho... que culpa eu tenho?
Nenhuma...
eu espero!
Era domingo. O sol começava
a despertar. Um vento morno ouriçava os passarinhos que pareciam cantar juntos
a mesma canção. No chá, um gosto de mato. No ar, um cheiro de areia. Eu e o céu
amanhecíamos. Faltava pouco pro mar e o sol temperarem minha pele. Toques de
laranja e azul pintavam no horizonte a esperança; um momento novo de mesma
vida. As pessoas começavam, na rua, lá em baixo, a exercitar a euforia de
renascer, a passos rápidos e ritmados. O silêncio generoso já sedia espaço a
risos e falas mornas. O mar murmurava e se espreguiçava na areia cauteloso. O
tilintar do metal de cadeiras e guarda-sóis se abrindo previam já o ardor de um
dia perfeito de praia e mapeavam aleatoriamente na areia o melhor ponto de
vista do infinito. Eu apenas era um com
tudo aquilo e, sem hora marcada, me dava um tempo de mim mesmo. Eu apenas
existia, sem limites e pronto.
Que vento é esse
Que me sopra pra dentro,
Que me explora intensamente
E, quando assim, me traz certezas,
Não falseia, nem me mente?
Que sussurra ao meu ouvido, inocente
Ou me grita e sentencia
E, mesmo assim, aparentemente
Inconsequente, me acalenta e me alivia?
Que legitima em mim a impermanência,
E da aparência ilusória do
Real me distancia?
Me protege e enternece,
Nada espera e me eterniza
E por tudo me engrandece.
Que vento é esse, assim, incoerente,
Que me doa e me agradece?
Que vento é esse que me dá asas
E se enraíza em mim
Com suave e lúcida liberdade;?
Que vento é esse,
Que, entre infinitas possibilidades,
Se evidencia em mim, única,
imutável, incondicional verdade?!
OLHO A RUA,
MEU OLHO CANSADO
AVISTA POUCO
E PERCO DE VISTA
A VIDA ALHEIA.
ESCONDO-ME NA CURVA,
DISCRETO,
PARA FUGIR DOS QUE SÓ
VEEM RETO.
MANCO, PARA QUE NÃO ME
PERCEBAM ACERTANDO O PASSO,
E PASSO COMO UM FANTASMNA
PELOS QUE TUDO VEEM
E EM TUDO CREEM.
VEJO QUE BEM VEJO
QUANDO PERCEBO
DEFEITOS ALHEIOS
E OS NEGO
E SÓ PERCEBO A LUZ EM MIM,
QUANDO SOU CEGO.
OLHO ´PRA´ FORA
E QUASE NADA ,
MINHA VISÃO, NO VAZIO,
A ESMO
E SE ME ESFORÇO,
SÓ PARTES, FRAGMENTOS
DE MIM MESMO.